domingo, 12 de agosto de 2007

Poder sem voto

Por Walter Freitas
A grande imprensa brasileira trata o governo Lula como inimigo quando se nega a mostrar a verdade dos fatos relacionados ao trágico acidente da TAM.
O poder de manipulação da opinião pública ficou evidente logo após as conclusões antecipadas das possíveis causas da tragédia que vitimou cerca de duzentas pessoas. A grande mídia nacional pôs o presidente Lula na cabine de comando do Airbus A320 que explodiu e pegou fogo ao se chocar com o prédio da própria TAM. Lula foi precipitadamente culpado de ter "posto a manete do jato em posição errada", e por ter "pilotado o avião com apenas um reverso em funcionamento".
A imprensa de forma generalizada esqueceu de questionar a empresa dona do Airbus A320, por ter abastecido a aeronave em Porto Alegre , onde o ICMS do querosene utilizado por empresas aéreas é 100% mais barato que em São Paulo. O governo tucano de São Paulo cobra sobre litro do querosene de aviação um ICMS de 25%, enquanto o governo tucano do Rio Grande do Sul cobra apenas 12%. Em busca desta economia é que o Airbus A320, da TAM, saiu de Porto Alegre com 27 toneladas de combustível. Faltou a grande mídia questionar este pequeno mais importante detalhe. Por estar com os tanques lotados, os bombeiros levaram muito mais tempo para debelar as chamas mortais que fulminaram brasileiros inocentes envolvidos na explosão do Airbus A320.
Da mesma forma que não questionou a lotação da aeronave, inclusive o número exato de passageiros e a capacidade de tonelagem que o Airbus transportava. As condições da pista, a falta de ranhuras, a chuva e até a própria dimensão da pista foram jogadas no colo do governo Lula juntamente com os mortos do acidente. O jornalismo perdeu uma grande oportunidade de mostrar com imparcialidade o fato, para apostar numa avaliação tendenciosa e conclusiva da culpa do presidente Lula.
O lado da informação ficou prejudicado quando a mídia ficou mais preocupada em detonar o governo Lula, do que esperar pelas conclusões das investigações do acidente. O que valia num primeiro momento era mostrar para a opinião pública brasileira a insensibilidade daqueles que poderiam ter evitado a morte daquelas pessoas. Acuaram o presidente e o condenaram juntamente com integrantes do seu governo. Este é verdadeiro papel da imprensa, ou seja, julgar e condenar sem antes apurar a verdade.
O que importa é que no banco dos réus esteja aquele que foi eleito por duas vezes consecutivas presidente desta républica chamada Brasil. Enquanto não houver uma ampla abertura dos meios de comunicação de massa neste país, a informação que chega até a população, será vista como um poder paralelo daqueles que nunca disputaram uma eleição, mas que sempre irão interferir quando os seus interesses estiverem em lados opostos dos governantes legitimamente eleitos pelo voto popular.

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